O etanol de milho tem ganhado destaque no cenário energético brasileiro como uma alternativa complementar ao etanol de cana-de-açúcar. Segundo o administrador de empresas Fernando Trabach, essa expansão representa uma nova fronteira de oportunidades para a agroindústria, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Norte do país. No entanto, o avanço da produção também levanta questionamentos sobre impactos ambientais, uso de terras e sustentabilidade a longo prazo.
Tradicionalmente associado aos Estados Unidos, o etanol de milho tem encontrado no Brasil um ambiente favorável ao seu crescimento, com destaque para a sinergia entre usinas flex, abundância de matéria-prima e o avanço tecnológico no setor. Ainda assim, é preciso avaliar com equilíbrio os benefícios e as críticas que envolvem esse modelo de produção.
Oportunidades com o etanol de milho no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho, com colheitas cada vez mais robustas, especialmente na safrinha. Aproveitar esse excedente para a produção de etanol cria uma oportunidade estratégica de agregar valor ao grão, reduzir desperdícios e diversificar a matriz energética nacional.

Fernando Trabach observa que a produção de etanol de milho tem impulsionado o desenvolvimento de polos industriais em estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Além do combustível, as usinas geram subprodutos de alto valor agregado, como o DDG (grão seco com destilação), utilizado na alimentação animal, e o óleo de milho.
Essa verticalização da cadeia promove crescimento econômico regional, geração de empregos, aumento da arrecadação e maior estabilidade para o agronegócio local. Além disso, o uso do milho complementa a sazonalidade da cana-de-açúcar, garantindo fornecimento contínuo de etanol durante todo o ano.
Sinergia com a infraestrutura existente
Outro ponto favorável é a possibilidade de uso da infraestrutura já existente para a distribuição e comercialização do etanol. Muitas usinas são projetadas como flex, ou seja, capazes de processar tanto milho quanto cana-de-açúcar, o que reduz custos de implantação e aproveita a experiência operacional do setor sucroenergético.
Fernando Trabach destaca que a integração entre lavoura, indústria e logística fortalece a cadeia produtiva e aumenta a competitividade do etanol brasileiro no mercado interno e externo. Com a demanda crescente por combustíveis renováveis, o etanol de milho pode ajudar o país a consolidar sua posição como líder global em bioenergia.
Críticas e desafios ambientais
Apesar das vantagens, o etanol de milho não está isento de críticas. A principal delas diz respeito ao uso intensivo de insumos químicos na produção do milho, como fertilizantes nitrogenados e defensivos agrícolas, que podem causar impactos negativos no solo e nos recursos hídricos.
Outro ponto de atenção é o alto consumo energético envolvido no processamento do milho, especialmente em regiões que ainda utilizam fontes fósseis como o gás natural para alimentar as caldeiras. De acordo com Fernando Trabach, a sustentabilidade do etanol de milho depende diretamente da adoção de práticas agrícolas de baixo impacto e do uso de energias renováveis no processo industrial.
Além disso, há questionamentos sobre a destinação de áreas agrícolas para a produção de energia, especialmente em um país com insegurança alimentar e desafios sociais. O avanço do milho sobre áreas de pastagem ou vegetação nativa pode gerar pressão sobre os biomas brasileiros, caso não haja um ordenamento territorial eficaz.
Considerações econômicas e de mercado
Do ponto de vista econômico, o etanol de milho é altamente sensível aos preços do grão e aos custos logísticos. Em momentos de alta demanda por milho para alimentação animal ou exportação, o preço da matéria-prima pode tornar a produção de etanol inviável ou menos competitiva.
Ainda assim, Fernando Trabach ressalta que a diversificação da matriz de biocombustíveis é positiva, desde que acompanhada de critérios técnicos, ambientais e sociais. O desafio está em equilibrar a expansão da produção com a sustentabilidade de longo prazo, sem repetir erros do passado em que o crescimento desordenado gerou desequilíbrios regionais e ambientais.
Perspectivas para o etanol de milho no Brasil
A tendência é de que a produção de etanol de milho continue crescendo no Brasil, especialmente nas regiões que já concentram grandes volumes de grãos e infraestrutura agrícola. A valorização dos combustíveis de baixo carbono, os incentivos ao RenovaBio e a busca por segurança energética impulsionam esse movimento.
Para garantir que essa expansão ocorra de forma sustentável, será necessário investir em inovação tecnológica, práticas agrícolas regenerativas, uso de fontes limpas na indústria e fiscalização ambiental eficaz. Fernando Trabach conclui que o etanol de milho pode ser parte importante da solução energética brasileira, desde que avance com responsabilidade e compromisso com a sustentabilidade.
Autor: Monny steven