Eleito na esteira da Operação Lava Jato e com uma bandeira de combate à corrupção, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR) lançou-se na vida pública e obteve quase 345 mil votos na eleição para deputado federal em 2 de outubro do último ano, marca que lhe garantiu o posto de candidato mais bem votado do Estado do Paraná. Para falar sobre seus planos para o próximo quadriênio e de que maneira acredita que poderá ressuscitar a Lava Jato, o parlamentar recém-empossado concedeu uma entrevista, na qual fala sobre as razões que o levaram a entrar para a política, critica a liberdade concedida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e pede a volta da prisão após condenação em segunda instância. “A Lava Jato morreu e não morreu de morte natural, ela foi assassinada em uma reação do mundo político contra as investigações”, diz o parlamentar do Podemos. Agora congressista, Dallagnol afirma que irá brigar para recriar condições necessárias para que outras forças-tarefas possam acontecer.
Além de Dallagnol, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) e sua esposa, a advogada Rosângela Moro (União Brasil-SP), foram eleitos, respectivamente, para os cargos de senador e deputado federal, e são apontados como expoentes da chamada bancada lavajatista do Congresso Nacional. Deltan reconhece que o combate à corrupção é sua principal bandeira, mas faz questão de ressaltar que sua atuação no Parlamento não se limitará a essa área. “Queremos promover causas relacionadas à Justiça, como segurança jurídica; pautas de prosperidade econômica com a defesa da independência do Banco Central, a promoção de uma reforma administrativa e tributária, etc. Também defendemos pautas de fraternidade e cuidado com a vida das pessoas, desde a defesa da vida e a proteção contra todo tipo de violência”, afirma. Dallagnol reforça sua intenção de brigar pelo retorno da possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância. Em novembro de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou de posição e estabeleceu o entendimento de que os réus condenados só poderão ser presos após o trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recursos.
Na última quinta-feira, 9, Dallagnol apresentou um requerimento à Mesa Diretora da Câmara solicitando um parecer sobre uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para rever a prisão de condenados em segunda instância. De acordo com o deputado, o pedido representa um “anseio da sociedade brasileira que aguarda desde 2019 por uma justiça criminal que volte a ser efetiva”. Questionado sobre a viabilidade da proposta, apresentada ainda em 2019 pelo deputado Alex Manente (Cidadania-SP) e que enfrentou resistência de boa parte do Congresso, o ex-coordenador da Lava Jato disse apostar no convencimento dos parlamentares. “Precisa restabelecer a prisão em segunda instância no Brasil e reformar o sistema de Justiça para não ser tão moroso, para não permitir abusos recursais e para que tenhamos um número de instâncias compatível com a eficiência da Justiça”, justifica.